COMPANHEIROS (as) !!!
SÉCULO DIÁRIO REPUDIA ATO PRATICADA PELA CST\ARCELOR MITTAL-ES
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Decisão de placa
A troca de gentilezas entre 'julgador e réu', na antevéspera de um importante julgamento, pôs em suspeição a decisão do TRT-ES
Editorial
20/02/2013 21:03 - Atualizado em 20/02/2013 21:03.
Ponha-se no lugar de um dos 6000 (seis mil) trabalhadores da antiga Companhia
Siderúrgica de Tubarão (hoje ArcelorMittal) - que esperavam o desfecho
do julgamento de uma reclamação trabalhista que se arrastava na Justiça
há anos - quando souberam que representantes da empresa, na antevéspera
do julgamento, estavam trocando gentilezas com o presidente do Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região, desembargador Marcello Maciel
Mancilha.
O pesadelo dos trabalhadores começou na segunda-feira (18), dia em que o
presidente do TRT-ES participou de uma solenidade na sede da Arcelor.
Mancilha queria agradecer a um dos altos executivos da empresa, Benjamin
Baptista Filho, o apoio institucional da siderúrgica ao Programa
Trabalho, Justiça e Cidadania, do TRT-ES.
Mancilha, que achou pouco agradecer a parceria com um simples aperto de
mão, mandou fazer uma placa para homenagear a empresa. Na foto, postada
na página principal do site institucional do TRT-ES, Mancilha aparece
com um sorriso largo ao lado do CEO da Arcelor (figura mais alta na
hierarquia da empresa - Chief Executive Officer) rendendo a “merecida”
homenagem.
Se fosse questionado pela imoralidade do ato, provavelmente o
presidente do TRT diria que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Afinal, seria uma bobagem os trabalhadores pensarem que o ato festivo
teria qualquer influência na decisão do processo que seria julgado nas
próximas horas.
Mancilha diria com todas as letras que a decisão do TRT seria
completamente isenta. Acrescentaria, para não restar dúvida aos
mal-intencionados de plantão, que não seria uma singela placa de
agradecimento que influenciaria a decisão de um juiz.
Entretanto, não foi essa a percepção de quem aguardava o julgamento da
ação. A cena imoral, estampada no site do TRT, causou grande apreensão
nos trabalhadores, que interpretaram a confraternização como um mau
agouro. O episódio também gerou polêmica no meio jurídico, advogados
comentavam que o ato do presidente do TRT, às vésperas do julgamento de
uma causa milionária – não qualquer causa, mas algo em torno de R$ 170
milhões - fora impróprio, inadequado, mesmo imoral.
Como não podia ser diferente, as atenções na tarde desta quarta-feira
(20) se voltaram para o TRT. Além dos trabalhadores, muita gente estava
interessada em saber qual seria a decisão da Justiça.
Para alívio da Arcelor, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico do Estado (Sindimetal),
que representava os trabalhadores na ação, perdeu a causa para a
empresa.
É importante ressaltar que o teor da ação, neste momento, não vem ao caso. Não importa se a empresa tinha ou não razão, se a causa era absurda, improcedente etc. O mais revelante é a conduta do presidente do TRT, que merece profunda análise e reflexão.
É importante ressaltar que o teor da ação, neste momento, não vem ao caso. Não importa se a empresa tinha ou não razão, se a causa era absurda, improcedente etc. O mais revelante é a conduta do presidente do TRT, que merece profunda análise e reflexão.
Mas, retomando o espírito de confraternização do episódio, para
retribuir a gentileza, seria de bom tom que o CEO da ArcelorMittal
mandasse fazer um senhora placa em homenagem ao presidente do TRT. Seria
um gesto simbólico para festejar os frutíferos resultados dessa
promissora parceria. Nada mais justo, não é mesmo?